quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Noite


O horário de trabalho que por aqui adoptamos é muito mais adaptado ao meu ritmo biológico que qualquer outro.
Aqui trabalha-se de sol a sol.
Levantamo-nos com as galinhas (5 da manhã já é totalmente de dia), começamos a bulir logo pela fresquinha, e paramos ás 5 da tarde , que nesta altura do ano é o começo do anoitecer. Quando chego ao meu apartocontentor de 5estrelas, já é praticamente de noite.
Televisão não há, por isso a seguir a uma banhoca para tirar o esterco e a pozeira do corpinho, é comer qualquer coisa e xôco com ele, por volta das 8 e tal já vou lançado a roncar qual Harley Davidson de 5ª a fundo!!
Engraçado que ao contrario do que pensei que fosse acontecer, adaptei-me perfeitamente a este ritmo que equivaleria pela hora Portuguesa a levantar-me as 3 da manhã e deitar-me ás 5 e tal da tarde. penso que seja por acompanhar o ciclo de luz do sol que nos nossos antepassados seria o ritmo diário.
Esta noite foi muito fora do normal ; tivemos problemas com a central de betão e como tínhamos perto de 1000 metros cúbicos de betão para produzir a central e os camiões betoneira não pararam toda a noite entre esta e a frente da obra que distava uns quilómetros.

Passei a noite de um lado lado para o outro acompanhando o evoluir do trabalho.

Acho que não consigo transmitir-vos a sensação de se estar na picada, a ver ao longe as luzes ora da nossa central , ora da frente de obra ou dos nosso camiões a cruzar no caminho , numa noite africana, fabulosa , quente e totalmente estrelada ...... é lindo.

Tentei tirar fotos que pudessem mostrar algo dessa magia, mas não dá.

Têm mesmo de cá vir se quiserem perceber o que se sente.

Abraços

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Brinquedos
















Dizem que os homens não crescem, que são uns eternos putos!
É capaz de ser verdade; Desde pequeno eu sempre gostei de carrinhos. Desmontar, montar, modificar, etc., a única diferença para hoje é o tamanho dos brinquedos.....
Estes são os meus actuais brinquedos, são GRANDESSSS.........
Eu devo-me ter portado muita bem este ano: o Pai Natal, só destes, nóvinhos a estrear, todos em caixinhas, ás pécinhas para montar, pôs-me alguns 50 no sapatinho........ digam lá se não sou um puto cheio de sorte???
ps: Já repararam na cor do chão? É negra. Não é sujo , não... é carvão. Debaixo dos pés dos que cá andamos, em muitos sítios como este mesmo á superfície está só uma das maiores e de melhor qualidade jazidas de carvão de pedra do mundo.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Diana

Atão ???? Ninguem me dá notícias da DIANA????
Tão-me a falhar..... ai tão, tão !!!!

sábado, 26 de dezembro de 2009

Convoy
















Oi Vitor e David

Lembrei-me há uns dias de um filme de Sam Peckinpah, com o Kris Kristofferson chamado CONVOY, o comboio dos duros.
Era um filme de camiões e camionistas que através dos CBs vão chamando uns pelos outros e vão-se juntando numa coluna de gajos duros fartos de aturar a bófia levando á frente tudo nos seus "made in usa", Mack, Freightliner e International.
Era puto e vibrei com os duros, achei que o "pato de borracha", o camionista principal era o gajo mais duro do mundo..............
Ganda engano !!!!!
40 anos mais tarde vi novamente , mas ao vivo, colunas de camiões americanos dessas mesmas marcas.
Carregados até á boca, velhos, com vários milhões (não milhares, milhões) de quilómetros no buxo, por estradas onde até as cabras têm medo de passar, em colunas intermináveis, no meio das picadas , dos areais dos buracos e da poeira, sem ar condicionado pois há muito que se avariou, com mais de 50 graus de temperatura, a 20 á hora debaixo de um sol arrasador , pneus carecas até á lona, a rodar continuamente entre os portos de Moçambique e os países do interior, Zimbabwé, Malawi e Zambia.
Dias e noites sem parar, sítios em que para fazer 10 km levam 9 horas, pontes que só passa um de cada vez em cada sentido e fazem-se filas de camiões de 10, 20 km de comprimento que esperam 3 e 4 dias pela vez de passar.
Estes sim, porra!!!
Estes gajos é que são os DUROS !!!!!!

Cabora Bassa
















Hoje acordei á hora do costume e a 1ª coisa que descobri foi que não tinha luz!!!
Ok, normal, logo chega....
Pois !!! mas a 2ª que descobri foi que não tinha gás para o cafézinho.....
Ouvi um estranho apito muita baixinho e estranho, fui seguindo o dito de ouvido e vinha do contador da electricidade.
Coisa estranha, este contador: Uma caixa de plastico preto, um mostrador digital com uma serie de zeros a piscar e um teclado numérico por baixo.
Achei estranho ver luz numas casitas aqui ao pé, peguei no célular e liguei para um colega meu daqui Moçambicano que me tem aturado e integrado nesta nova realidade:
-OI.... já tás acordado??? (se não estava ficou, mas não se desmanchou). Contei-lhe o que se passava e ele com um tom de voz entre o "condescendente com o maçarico" e o "este gajo deve ser burro , comé que chegou a engenheiro?", explicou-me:
-Tens que pegar no cartão multibanco, vais á caixa , dizes que é para comprar electricidade, pões a quantia , e sai-te o talão com um código; chegas ao contador , digitas o código, fazes enter e a bela da luzinha acende até gastares o que compras-te...................
Sem cá alugueres de contador, contagens do homem da EDP, sem taxas RUs, sem estimativas e bi-horairisses, cartas para cá, cartas para lá, dividas acumuladas á EDP, acertos de fim de ano...,.,. e aqui é que é o mato????
Aproveitei e perguntei~lhe, já agora, se sabia onde se podia comprar gás; Pois, já desconfiava, só em TETE, na bomba de gasolina tangerina da lusa GALP, depois de passar a malfadada ponte sobre o Zambeze e furar a fila dos camiões.
Como o que tem que ser tem muita força, bilha de gás no banco de trás e ala para Tete.
Passei a ponte, comprei o gás, aproveitei atestei o fórbaifór e....... e.... já que aqui tou deste lado, vou seguir o conselho familiar que foi me foi dado......vou até ao Songo, até porque é logo ali, cerca de 200 quilometrositos para noroeste. Se bem pensei, melhor o fiz, bora ao Songo !!!!
A estrada, á medida que avança pela planície árida que rodeia esta zona, começa a ficar mais sinuosa , a floresta mais verde e serrada e começam a aparecer as serras.
Bem....um espectaculo. Já fiz varias vezes o Atlas Marroquino. Isto em natureza bruta, em grandiosidade consegue, se não ser superior, pelo menos igualar o que sinto lá, mas bem mais virgem.
As tantas, já perto do Songo vislumbro uma picada á esquerda e uma placa ferrugenta onde me pareceu ler a palavra "cais". Travões a fundo, marcha á ré, e lá estava : cais da pedra , albufeira.
Cá para mim.... cais e albufeira na mesma placa só pode ser o lago da barragem de Cabora Bassa.
Pisca pra esquerda , tração ás fórweelles cá vamos nós. Cerca de meia hora depois, a estrada estava cortada por um rio de aluvião que a desfez e abriu ao meio. Carrinho parado, fui até á beira do rio, tirei uma foto, pró blog, e disse cá prós mês botões : vais ter que passar...se não conseguires e ficares atolado até aos makenzes, logo se vê o que se faz.
Ainda vou ter que telefonar ao amigo Paias para trazer o Discovery e uma corda,..,..,,.,.,. hehehehhe
O bicho nem pestanejou, atirou-se ao rio, esgravatou furiosamente e saiu do outro lado a abanar-se que nem um cão de agua Algarvio !!!!
Cerca de mais quase uma hora , a seguir a uns pedregulhos imponentes, lá estava a albufeira... coisa linda!!!!
Segui por fora de estrada , por umas picadas manhosas ao longo da margem e fui dar aos tais empreendimentos turísticos explorados pelos ZAs onde se dorme , come e se vai á pesca do peixe tigre de barco. São sítios manning simples, palhotas, mas com um ar muito agradável.
Aqui pensei outra vez no Paulo Paias: Aquele gajo havia de adorar isto......
Fui andando até ao paredão da barragem, e aí apanhei alcatrão e numa estrada sempre a subir e muito sinuosa fui dar ao Songo.
Procurei pelo restaurante do Sr.Teles, um Portuga que tem um restaurante no centro da terrinha , e comi muita bem : Sopa de legumes, peixinho fresquinho do rio grelhado, e , viva o luxo, até sobremesa: Comi algo que nunca tinha comido e lambi-me por mais: Maçanicas cozidas em calda de açúcar com vinho do porto e canela.
É assim, a modos que, uma versão afro de pêras bêbadas ...
Depois.... barriguinha cheia de boa comida e um dia bem passado...., depois foram os mesmos km para trás, fila da ponte, camiões confusão e gente por tudo que é sitio, as tinguabanas de sempre ao ataque dos camiões, e o meu belo contentor que estava quente que nem um forno (deve ter sido das saudades por ter ficado sozinho).

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Esta é especial para o Mesk




Amigão,
Estava a precisar de algo que não fosse só trabalho para ocupar o tempo.
Lembrei-me de seguir os teus passos e fazer umas farmezitas de formigas para me entreter com os bichos.
Procurei provetas, não havia......... procurei caixas de CDs velhas, também não......... tubinhos de plástico de aquário para as formiguinhas se deslocarem entre os ninhos e os comedouros também na vi nada......
Então resolvi o assunto á minha maneira ......... Deixei as bichinhas no seu habitat natural, mêmo aqui á porta do contentor e comprimento-as quando passo a caminho do xôco.
Já conheço e sei os nomes de algumas , das que me entram pela porta a dentro ( a cabrona.... a filha da p**** da formiga foi-me ao açúcar e trouxe a famelga, a sacana tinha de me morder mesmo no dedo do pé, a Péra aí que já te dou ca bota no costado e a: mas tu pensas questa cama é tua?) mas pelo tamanho das "caixinhas" onde vivem, acho que ainda me faltam conhecer cerca de 998765432354677654657878675678765 delas ...........
Queres que te mande uma embalagemzinha com algumas? Mano , é só trazer a buldozer D8 e meter a "caixinha" inteira num contentor de 40 pés, no mínimo, acho que a Ana ía adorar... olha bem pra fotografia e imagina o ninhosinho ali no canto da sala tipo biblote cas fermiguinhas todas á janelinha com um ar todo catita ...... heheheeheheheeheh...........
Abraços pra ti e beijus para essa peste
Editar ps: Não percebo nada desta coisa: Escrevo o texto, ponho as fotos por baixo, carrego botão e ....... PIMBA: As fotos vão para cima e as palavras para baixo!!!!!!!!!!!!! Ca ganda porra !!!!!


Dia de Natal
















Estava cheio de boas intenções de passar este belo deste dia na sorna , nos meus aposentos "VIP 7estrelas com ar condicionado e vista para o imbondeiro", mas há horinha a que o corpinho já se habituou deu formiga na cama, como dizem os meus compatriotas, e lá saltei do colchão para o chuveiro para descolar o lençol da pele.


Apetecia-me chá e como tal meti-me no fórbaifór e fui correr as bancas á rés da estrada á procura dele.
Ainda há quem diga mal disto; aondi, em que país dessa treta dita civilizada Europa carunchosa, percorre-se o hipermercado de beira de estrada , conversando no célular com uma bela moçoila, no conforto do dito fórbaifór , de ar condicionado no maximo ás 7 da manhã,enquanto se faz compras em sistema drive-in ?? aondi??? aondi???
Lá encontrei o belo do cházinho, Four Roses, made in ZA como grande parte dos produtos que aqui se encontram, ali mesmo na segunda fila em cima da capulana estendida que faz de prateleira de supermercado, pronto para satisfazer o meu desejo.....
Como me habituei a andar com a maquineta atrás para tudo que é sitio, sinceramente mais com medo que ma gamem do que pela minha veia de fotografo , arte que pouco tem a ver com o meu geitinho para a coisa, aproveitei para tirar uns bonecos mal-amanhados para vos mostrar.
Aqui vão:
Sede do Clube Ferroviário , Estação dos Caminhos de Ferro (o comboio já cá não chega aí há 15 anos , mas está muito bem tratada, limpa e arranjada á espera que volte, o que está para breve), umas casinhas do Bairro dos CFM onde possivelmente terá morado a minha prima de sempre Elsa, e um imbondeiro que é usado como altar de culto cristão (o tronco foi comido interiormente pelas formigas e aproveitaram o buraco na madeira, esculpiram o morro das formigas e desenharam uma figura de Nossa Senhora em fundo branco na parte superior), está um autentico e ternurento quadro naife.
Bêjos e abraços respectivamente, e um Bom dia de Natal para todos, xau por agora....

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O cantinho da Dona Adelaide







Este é o famoso cantinho da Dona Adelaide na Maxixe

24/12/2009

Para mim a mística do Natal sempre foi mais forte no dia 24 a partir aí das 3 ou 4 da tarde que no próprio dia 25 de Dezembro, ao contrario da maior parte das pessoas.
Talvez por isso encontrei algumas caras surpresas quando pelas 6 da manhã, juntei o pessoal todo do estaleiro no meio da parada , com as dificuldades normais que se tem quando se chamam mais de 100 pessoas para falar com elas, ajudado por a recordação de uns:
Euena...... buia alene , tsutsuma..........

Comuniquei a toda a gente que hoje não havia mecânicos, ou manobradores de maquinas , ou choferes de camião, ou ainda simples ajudantes..... Hoje, queria os mais de 20.000 m2 de estaleiro e oficinas e as mais de 150 maquinas e camiões limpinhos, arrumados e a cheirar a lavado. Tudo isso até ao meio dia, e a partir dessa hora ia tudo para casa e só precisavam de voltar na próxima segunda feira ...... foi a festa.... Eles cumpriram a parte deles e eu cumpri com o prometido.
Fui-me apercebendo á medida que o dia avançava, que hoje o ar estava especialmente quente e irrespiravel. Como há dias tinha comprado um termómetro daqueles rafeirinhos , de plástico e com o feitio de uma viola fui espreitar de baixo da árvore onde estava pendurado mas tinha a escala toda vermelha até ao máximo que marca, 55º. Deduzi que estava avariado e fui buscar o meu anemometro digital que também mede temperatura
O meu espanto, eram 10 da manhã, foi tão grande que o coloquei encostado ao vidro do carro e fui buscar a maquina fotográfica para registar o momento. Tirei depois outra foto há uma da tarde com o termómetro á sombra debaixo da árvore, e outra dentro do meu contentor escritório.
Vejam lá se não era de registar o momento?


















terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A caminho de Moatize











Como tenho o meu carro de serviço ainda em Maputo, resolvi que iríamos os dois, Moçambique estrada fora a caminho de Moatize. Foi ver a agua, o óleo, os pneus, atestar gasóleo e aí vamos nós pela fresquinha do nascer do dia a caminho.
A saída de Maputo é um pouco complicada, mas logo que vi uma placa a dizer Marraquene e xai-xai apontei para lá cheio de fé e lá fomos, eu e o meu toyota land crusier
O caminho é lindo. A estrada não está assim tão má como isso tudo , embora haja troços em que está em recuperação e aí sim, a musica é outra; fiz quilómetros pela berma na areia, pois o piso da estrada em si era uma sequência interminável de buracos com alguns resquícios de alcatrão pelo meio, entre máquinas de terraplanagem, buldozers e camiões, mas principalmente com centenas de chineses com os seus capacetes brancos e os fatinhos á Lim-pó-pó , todos iguais, armados em empreiteiros, estrada fora a dar ordens alto e bom som que ninguém percebe pois só falam chinês.
Passei o Xai Xai, Quissico, Inharrime e fui dormir a Maxixe no hotel da Dona Adelaide, uma Portuguesa que vive lá há muitos anos e que tem um cantinho muito fixe e onde se come muito bem.
Esta zona é só praias lindas e desertas. Se pudesse escolher um sitio para viver , seria aqui certamente.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A caminho

Cheguei a Maputo numa noite quente e abafada.
Os procedimentos fronteiriços, a espera interminável pela bagagem, o desconforto de 10 horas com os meus 130kg enfiados numa cadeira minúscula para mim, a garganta seca e a arranhar do ar condicionado do avião e o calor naquela sala fechada junto ao tapete das malas funcionaram como uma mistura explosiva contra qualquer mínimo de boa disposição que pudesse ter nesse dia.
Respirei de alivio quando me vi dali para fora, mas foi de pouca dura. Rapidamente fomos apanhados no meio de uma terrível confusão de transito parado, ruas dos arredores da cidade cheias de agua da chuva, carros avariados e centenas de chapas carregados de povo que se deslocam a grande velocidade sem cumprir qualquer regra básica de transito e enchem o ar de fumo tornando a atmosfera irrespiravel.
Quando me apanhei na horizontal, numa confortável cama, num quarto com uma temperatura agradável e no silencio, atirei-me ao sono como um naufrago a uma bóia.
Amanhã será um novo dia........................

Á sombra do imbondeiro

Se os imbondeiros têm uma terra , estou definitivamente na terra deles.
Olhando em direcção a todos os pontos cardeais, há sempre um imbondeiro, enorme, majestoso, dominando a paisagem com o seu porte imponente e a vaidade de árvore rainha.
São sem duvida os donos da paisagem e do horizonte, servindo de protecção contra o sol impiedoso de um verão em que diariamente a temperatura ultrapassa sempre os 40 º, tendo sempre junto ao tronco enorme um punhado de pessoas que faz a sua vida sob a sua sombra e aconchego.
Adoro estas árvores!
Acho que têm a capacidade de me transmitir uma sensação agradável de humildade perante a grandeza da mãe África. Sinto-me em casa!