quarta-feira, 10 de março de 2010

Recordações........


Fui este fim de semana passado a Maputo.
Fui dar uma volta pela cidade e aproveitei para ir visitar a casa da minha avó, casa que me traz recordações da minha infância e adolescencia.
A casa está diferente, alteraram-lhe alguns pormenores, e está a precisar de pintura.
O jardim que tinha a toda a volta, o carramachão, o cacto no fundo do quintal que dava umas flores nocturnas espectaculares, a anoneira, a árvore que era o meu mundo e o meu refugio de criança ao lado da garagem, tudo desapareceu.
Mas enquanto estive do outro lado do passeio a olhar para ela, a minha cabeça foi literalmente inundada de memorias de outros tempos, das brincadeiras, dos amigos de brincadeira, do Apun, da Irene, dos Laus, dos lanches da D.Olinda, dos papagaios e carros de rolamentos, do policia a correr atrás de nós rua a baixo por causa deles, nas futeboladas no terreno atrás do hangar dos machimbombos, etc, etc.
Recordações de anos mais tarde em que fizemos da casa uma republica de estudantes de Nampula no meu retorno á minha LM, do Jo Cruz, Canastro, Duarte, da Lai, do nascer da minha paixão assolapada e eterna pela Paula.
Lembrei-me da minha bisavó e da velha Maria Mainata, de quem me lembro muito velhinha e enrugada, sentada num banquinho á frente da porta da cozinha, de bengala na mão e olhando-me nas minhas brincadeiras com os olhos assombrados pelas cataratas.
A recordação da minha adorada Avó Lucinda foi tão forte que me deu a sensação de que se batesse á porta seria a cara sorridente e bem disposta dela que me apareceria.
Vi o meu Pai e a minha Mãe meninos e moços no jardim, do Miguel foi a figura trinca espinhas de calções e pernas de canivete que vi.
Não sei quanto tempo estive a olhar para ela, mas foi um momento mágico em que me esqueci de que já sou um marmanjão pró gasto, cinquentão , gordo e anafado.
Naqueles momentos passados ali fui o líder das brincadeiras do bairro, fui o tarzan da casa da árvore, fui o gajo que as encantava com a minha viola, ouvi o roncar da minha mota Gomes Freire a baixo, senti-me feliz .